Quando o Brasil era a Terra de Santa Cruz, as mulheres tinham de se
enfear e os homens precisavam dormir de lado, nunca de costas, porque “a
concentração de calor na região lombar“ excitava os órgãos sexuais. E
nos momentos a sós – geralmente no meio do mato, e não em casa, porque
chave
era artigo de luxo e não era possível fechar as portas aos olhares e
ouvidos curiosos –, as mulheres levantavam as saias e os homens
abaixavam as
calças e ceroulas. Tirar a roupa era proibido. E beijar na boca? Bem...
sem pasta e escova de dentes, difícil. Mas como o proibido aguça mais a
vontade, a instituição que mais repreendia os afoitos, ironicamente,
acabou se tornando o templo da perdição. Onde as pessoas poderiam se
encontrar,
trocar risos e galanteios e até ter relações sexuais, sem despertar
suspeitas, se não no escurinho... das igrejas? Casos saborosos como
esses são
narrados por uma das maiores historiadoras do país, Mary del Priore. Em
"Histórias Íntimas", ela mostra como a sexualidade e a noção de
intimidade
foram mudando ao longo do tempo, influenciadas por questões políticas,
econômicas e culturais, e passaram de um assunto a ser evitado a todo
custo
para um dos mais comentados nos dias de hoje.
Nenhum comentário:
Postar um comentário