sábado, 9 de março de 2013

Escritor e jornalista Júlio Romão morre aos 95 anos em Teresina Membro da Academia Piauiense de Letras é reconhecido por trabalho na imprensa do Rio de Janeiro e outras áreas.

O escritor, jornalista, etnólogo e teatrólogo Júlio Romão da Silva, faleceu na manhã deste sábado (9) aos 95 anos. Ele trabalhou na imprensa do Rio de Janeiro, ao lado de nomes como Graciliano Ramos, e ocupava a cadeira número 31 da Academia Piauiense de Letras.

APL
Romão durante o lançamento de coletânea com suas obras, em dezembro

Em dezembro, a Academia Piauiense de Letras e a Universidade Federal do Piauí (UFPI) lançaram "Júlio Romão da Silva: entre o formão, a pena e a flecha", publicação que reúne livros e artigos do escritor, organizada pelo professor Élio Ferreira e o teatrólogo Ací Campelo. 

A notícia foi confirmada ao Cideverde.com por Ací Campelo. Ele revelou que estava produzindo um documentário, ainda em fase de edição, e chegou a realizar mais de seis horas de entrevista com Romão.

Élio Ferreira acrescentou ao Cidadeverde.com que Júlio Romão já estava com a saúde debilitada. O escritor se preparava para procurar um médico quando faleceu em sua casa, na zona Sudeste. 

O velório acontecerá na Pax União, avenida Miguel Rosa - Centro/Sul -, e deve começar até o final da manhã. 


Júlio Romão nasceu em 22 de maio de 1917. Superou a vida pobre e saiu de Teresina para São Luís (MA) e depois o Rio de Janeiro, onde chegou a mendigar, mas conseguiu se sobressair. O jornalista é nome de rua na cidade do Rio de Janeiro e também cidadão carioca. 
 
Um dos pioneiros nos movimentos pela luta da igualdade racial no Brasil, em 2010, Júlio Romão recebeu da Universidade Federal do Piauí o título de Doutor Honoris Causa.

UFPI
Na UFPI, doutor honoris causa em 2010

Sua bibliografia reúne obras como: Os Escravos, 1947; O Monólogo dos Gestos, 1968; José, o Vidente, 1974 (teatro); Luís Gama e Suas Poesias Satíricas, 1954; Geoonomásticos Cariocas de Procedência Indígena, 1962; Evolução do Estudo das Línguas Indígenas do Brasil, 1965; A Mensagem do Salmos; Denominações Indígenas Indígenas na Toponímia Carioca, 1966, Cultura Humanística em Portugal e Arte de Biografar, 1974; Louvado Seja Castro Alves, 1975; Geolingüística de Fronteira e os Anjos Caídos.

Fábio Lima
fabiolima@cidadeverde.com

Você pode curar a sua vida

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Assis Brasil - 81 anos, a maior parte dedicado a literatura, viva o grande Assis Brasil!



Francisco de ASSIS Almeida BRASIL nasceu no dia 18 de fevereiro de 1932 em Parnaíba, Piauí, cidade onde existe uma fundação cultural com o seu nome. É romancista, cronista, crítico literário e jornalista. Como crítico literário, atuou intensamente na imprensa brasileira, especialmente no Jornal do Brasil, Diário de Notícias, Correio da Manhã e O Globo e na revista O Cruzeiro, Enciclopédia Bloch e Revista do Livro. Ele é o membro número 36 da Academia Parnaibana de Letras. Embora ainda não faça parte da Academia Brasileira de Letras, existe uma forte movimentação neste sentido.

Recuando a carreira artística, Assis Brasil começou com teatrinho organizado por sua mãe em Parnaíba. Era uma espécie de vaudeville musicado e falado. A representação ficava a cargo de alguns garotos da cidade, revertendo o valor das entradas em benefício da igreja local. A mãe tocava piano e declamava, e ASSIS BRASIL, num trio fazendo o papel de engraxate, cantava e dançava, aos dez anos de idade.

Desde menino foi-se habituando à música, aos livros, sendo um mau aluno no colégio, mas um bom leitor. Enjoados do teatro, os meninos resolveram montar um circo no quintal da casa de ASSIS BRASIL, com palhaços e trapezistas e entrada paga. A mãe não se meteu, mas o pai, também dado às leituras, gostava de longe. Os primeiros estudos primário e parte do secundário, foram feitos no então Instituto São Luiz Gonzaga do professor José Rodrigues.

Aos 12 anos, ASSIS BRASIL foi como interno para o Colégio São João, em Fortaleza, no Ceará, onde terminou o ginasial e fez o científico. Aos 15 anos, influenciado pelo professor de português, e com tema por ele escolhido, escreveu seu primeiro texto literário, um apólogo intitulado O poste e a palmeira, inspirado num apólogo de Machado de Assis. Este trabalho foi publicado na Gazeta de Notícias em 1948. À época, uma crônica sua é publicada no jornal O Radical. Tal crônica lhe dá o tema para escrever o primeiro romance, Verdes mares bravios, publicado em 1953 no Rio de Janeiro, pela Editora Aurora, e reeditado em 1986 pela Melhoramentos de São Paulo com o título de Aventura no mar, e indicado para a área infanto-juvenil. O livro é ainda hoje comercializado. As suas obras infanto-juvenis são adotadas em inúmeras escolas brasileiras.

Tem mais de 100 obras publicadas, entre elas Beira Rio Beira Vida, 1965; A Filha do Meio Quilo, 1966; O Salto do Cavalo Cobridor e Pacamão (Tetralogia Piauiense); Os que Bebem como os Cães (Ciclo do Terror); Nassau, Sangue e Amor nos Trópicos, Jovita e Tiradentes (romances históricos). Mais abaixo, apresentamos a sua bibliografia completa.

Em fins de 1949, ASSIS BRASIL viaja para o Rio de Janeiro no navio Itaimbé da extinta Companhia de Navegação Costeira, indo trabalhar como Oficial Administrativo na Prefeitura de Duque de Caxias nos tempos de Tenório Cavalcanti. O segundo emprego foi de auxiliar de escritório numa imobiliária, Companhia Geral de Empreendimentos, que urbanizou a área de Piratininga em Niterói. Mais tarde foi Correspondente (redator) do setor de propaganda das casas Pernambucanas, enquanto estudava jornalismo, à noite, na Pontifícia Universidade Católica. As refeições eram feitas no Restaurante dos Estudantes, no Calabouço, localizado próximo ao Aeroporto Santos Dumont, foco de agitação política no período 1945-1955.

Em 16 de setembro de 1956, ASSIS BRASIL entra para a imprensa do Rio de Janeiro, já como crítico literário profissional do Suplemento Dominical do Jornal do Brasil, que iria abrigar as correntes vanguardistas e divulgar escritores da literatura universal e os brasileiros esquecidos, tais como Adonias Filho, Clarice Lispector, Autran Dourado, Geraldo Ferraz, João Cabral de melo Neto, sobre os quais ASSIS BRASIL dedicou estudos. Além da crítica literária, o escritor traduz ensaios sobre a obra de William Faulkner e contos de Carson McCullers, e escreve ainda para o cinema sob o pseudônimo de Castro Mussél. À época, Tristão de Athayde ganhava 600 cruzeiros por artigo e eu ganhava 2 mil", declarou ASSIS BRASIL numa entrevista.

O escritor, sempre um trabalhador intelectual, escreve para inúmeros outros jornais do país. Na época da maior repressão do regime militar, entre 1967 e1968, lecionava Técnica de Jornal na Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro e trabalhava como copidesque no jornal Tribuna da Imprensa. Tanto a universidade quanto o jornal eram sistematicamente invadidos pela polícia e pelo DOPS. Um dos temas de aula de ASSIS BRASIL, então, do ponto de vista político, foi o assassinato do estudante Edson Luís Souto no Calabouço. Também à época, em 1968, ASSIS BRASIL vendia livros na Feira do Livro da Cinelândia, tendo já publicado os três primeiros romances de sua Tetralogia Piauiense.

Conquistou, em 1965, o Prêmio Nacional Walmap com o romance Beira rio beira vida. A partir dessa década ganha outros prêmios e não pára mais de publicar livros, tendo chegado ao número 100 em 1998, com o livro de novelas O sol crucificado. ASSIS BRASIL já exerceu diversos cargos ligados à sua área, como membro do Conselho de Administração da EMBRAFILME e do Conselho de Literatura do Museu da Imagem e do Som. Pertence às seguintes entidades: Academia Parnaibana de Letras, Academia Piauiense de Letras, Pen Clib do Brasil e Sindicato dos Escritores Profissionais do Riode janeiro.

Em 1995, quando do lançamento de sua antologia A poesia piauiense no século XX, ASSIS BRASIL é agraciado com a Medalha do Mérito Conselheiro José Antônio Saraiva, no grau de Oficial, da Prefeitura Municipal de Teresina. Em 9 de agosto de1996, quando de sua posse na Academia Piauiense de letras, recebe do governo estadual a Ordem Estadual do Mérito Renascença do Puauí, no Grau de Cavaleiro. A solenidade de entrega foi realizada em Parnaíba, cidade natal do escritor, no dia 14 de agosto de 1996.

Em maio de 1997, ASSIS BRASIL recebe no Rio de Janeiro o Diploma de Personalidade Cultural da União Brasileira de Escritores, por serviços prestados à cultura brasileira. Ainda neste mesmo ano, no dia 11 de novembro, ASSIS BRASIL é incluído no Quadro de Sócios Correspondentes da Academia Espírito-Santense de Letras, a Casa Kosciuszki Barbosa Leão. No ano seguinte, o Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santeo concedeu-lhe o título de Sócio Correspondente, ambas as entidades em reconhecimento pela publicação de A poesia espírito-santense no século XX. Ainda em 1988, no dia 27 de agosto, ASSIS BRASIL é homenageado no Rio de Janeiro, pela União Brasileira de Escritores, com a Medalha Veríssimo de Mello, por sua organização da antologia A poesia rio-grandense no século XX.

No dia 27 de maio de 1999, o Conselho Estadual da Cultura da Bahia consigna votode congratulações a ASSIS BRASIL e à Fundação Cultural do Espírito Santo pela publicação da antologia A poesia bahiana no século XX. No dia 5 de junho do mesmo ano, em Parnaíba, ASSIS BRASIL inaugura as novas instalações da Fundação Cultural Assis Brasil, co a presença do governador do estado. O jornal O Capital de Aracaju entrega a ASSIS BRASIL, em 29 de julho de 1999, o diploma de Intelectual do Ano, como "reconhecimento público de Resistência ao Ordinário" e pela publicação de A poesia sergipana no século XX. Em 23 de setembro do mesmo ano, a Sociedade Amigas da Cultura, de Belo Horizonte, MG, outorga a ASSIS BRASIL o Diploma de Honra ao Mérito "em reconhecimento aos relevantes serviçosprestados à cultura mineira", quando do lançamento de A poesia mineira no século XX.

Em 5 de novembro de 1999, em teresina, PI, ASSIS BRASIL foi agraciado com a Medalha Ordem do Mérito Cultural Wall Ferraz, "pelos relevantes serviços que tem prestado à cultura piauiense". Em 13 de janeiro do ano de 2000, ainda em Teresina, após palestra sobre O Romance Brasileiro no Século XX, ASSIS BRASIL recebe a Medalha Cultural Lucídio Freitas, da Academia Piauiense de Letras.